Biografia do empresário da noite narra décadas de glamour e poder na alta sociedade brasileira.
A Editora LeYa Brasil lança “Ricardo Amaral apresenta: vaudeville – memórias”, biografia do empresário paulista que adotou o Rio de Janeiro e reinou na noite brasileira e também em outras cidades importantes, como Paris e New York. Proprietário de casas noturnas de grande sucesso como Papagaio, Hippopotamus, Resumo da Ópera, Metropolitan, Clube A (em New York) e Le 78 (em Paris), Ricardo Amaral conviveu com famosos e poderosos, membros da alta sociedade e do jet set internacional.
O que esperar da biografia de um dos mais bem-sucedidos empresários do ramo de entretenimento do país? Um verdadeiro vaudeville, que o autor define como “espetáculo que tem um pouco de tudo, um grande entra e sai de personagens e situações, permitindo até uma dose circense”. Mas, ao invés de mágicos, bailarinos e acrobatas, o leitor assiste ao desfile de artistas, políticos, modelos, jornalistas, empresários, bicheiros, divas e mafiosos. A maioria deles frequentadores dos variados empreendimentos e eventos de Amaral – boates, restaurantes, bares, bailes, camarotes, discotecas, hotéis , todos marcados pelo luxo e bom gosto.
Embora totalmente identificado com o “espírito carioca”, Amaral nasceu e cresceu em São Paulo. Famoso pelas realizações na noite e no show bussiness, iniciou carreira no jornalismo ainda jovem, com menos de 18 anos. Apaixonado pelo colunismo, teve participação marcante nos primórdios da televisão. Circulou desde cedo na rodas mais exclusivas e refinadas, embora sua família seja classe média. Assim, “Ricardo Amaral apresenta: vaudeville – memórias”, um livro cheio de surpresas para aqueles que conhecem apenas a faceta mais conhecida do autor.
Ainda em São Paulo, o pioneiro Ricardo criou o colunismo social voltado para os jovens como ele, tendo como base e fontes suas amizades, que incluíam os filhos de tradicionais famílias paulistanas. Já exercitando as habilidades de promotor de eventos, organizou bailes de debutantes como o de Marta Smith de Vasconcelos – que seria depois conhecida em todo o Brasil pelo sobrenome do primeiro marido, o senador Eduardo Suplicy, com quem dançou naquela noite.
Ricardo Amaral fala com igual desenvoltura sobre sucessos e fracassos. Mantém a elegância ao citar casos mais ou menos comprometedores, mas não sustenta falsos pudores quanto suas próprias ações. Admite francamente, por exemplo, que sempre influiu no resultado dos concursos de beleza que participou como jurado. Alega em sua defesa que promovia “marmeladas” para assegurar a justiça e garantir que vencesse a mais bonita. Numa dessas ocasiões rendeu-se aos apelos da amiga Hildegard Angel, que o convenceu que a vencedora do Baile das Panteras de 1981 deveria ser Maria da Graça Meneghel, que depois se tornaria a Xuxa.
São muitas as histórias curiosas, divertidas e interessantes narradas por Amaral – e não poderia ser diferente tendo como personagens artistas como Brigitte Bardot, João Gilberto e Vinícius de Moraes; jornalistas como Paulo Francis, Samuel Wainer e Paulo de Tarso; personalidades como Danuza Leão e Roberto Marinho, para citar apenas alguns poucos.
Inovador em sua carreira profissional, Ricardo Amaral evitou o estilo cronológico tradicional para escrever sua biografia. Começa pelos colunistas que o inspiraram – alguns dos quais viriam se tornar seus amigos, como Ibrahim Sued e Zózimo Barroso do Amaral. Utilizando um estilo informal, Amaral estabelece com o leitor um papo, como se estivesse com ele tetê-a-tete, tomando um uisquinho – como ele mesmo descreveria. Dessa conversa despretensiosa saem casos e causos da política, da música, do teatro, da televisão e da vida em sociedade, oferecendo um panorama da evolução dos costumes nos últimos 40 anos.
“Ricardo Amaral apresenta: vaudeville – memórias” é uma biografia franca como poucas. Tanto que o autor adverte na primeira linha: “Juro que meu testemunho é o mais límpido produto da absoluta imprecisão”. Nenhuma intenção de mentir, apenas a dificuldade compreensível de separar fatos de versões, quantos estes se sucedem de maneira vertiginosa. Quem ganha é o leitor, que tem em mãos essa vibrante versão de acontecimentos – acordos políticos, sociedades empresariais, início e fim de relacionamentos, transformações no jornalismo – que marcaram a vida pública do país.