terça-feira, 9 de novembro de 2010

Armstrong & Pixinguinha - O Encontro do Jazz com o Choro

Com a assinatura de Sérgio Cabral, quinta edição do Accenture Performances  reúne  orquestra de jazz norte-americana, um time com alguns dos melhores instrumentistas brasileiros e a presença de Ney Matogrosso, Maria Rita e Hamilton de Holanda, como convidados especiais.


O projeto Accenture Performances chega a sua quinta edição com um projeto único: em sua versão 2010, sob a direção artística de Sérgio Cabral, ele promoverá no palco do Citibank Hall em São Paulo e do Vivo Rio, no Rio de Janeiro, um encontro de gêneros inédito. Em uma noite especial, as duas casas de show assistirão uma homenagem ao choro brasileiro, representado pelas canções de um de seus maiores intérpretes e autores, o mestre Pixinguinha, e ao jazz norte-americano, lembrado pelo repertório do gênio Louis Armstrong.

Os espetáculos acontecem nos dias 23 de novembro em São Paulo e 25 de novembro no Rio de Janeiro. No palco, o encontro de gêneros será também um encontro de “bambas”: uma das mais tradicionais orquestras de Nova Orleans, berço do jazz, a Preservation Hall Jazz Band; um time de instrumentistas brasileiros de primeira linha: Silvério Pontes (Trompete), Henrique Cazes (Cavaquinho), Beto Cazes (Percussão), Jorge Helder (Baixo), Rogério Caetano (Violão), José Paulo Becker (Violão), Eduardo Neves (Flauta e saxofone), Márcio Bahia (Percussão) e Zé da Velha (Sopro); e ainda Ney Matogrosso, Maria Rita e Hamilton de Holanda como convidados especiais. Os espetáculos terão direção musical de Luiz Felipe de Lima.

Em suas edições anteriores, realizadas pela Dell´Arte Soluções Culturais, o Accenture Performances homenageou Marcos Valle, Tim Maia, Ivan Lins e Rita Lee. Idealizadora do evento, a Accenture – empresa global de consultoria de gestão, tecnologia e outsourcing - aposta, desde a sua concepção, na realização de projetos culturais que agreguem inovação e alta performance. “A criação do espetáculo ocorreu para homenagear artistas que contribuem para elevar a música a um novo nível em termos de qualidade”, explica Afonso Braga, diretor de marketing da Accenture. "Um momento único e memorável para celebrar, através da arte, aquilo que fazemos todos os dias em cada um de nossos clientes, transformar o ‘estado de arte’ de suas empresas em negócios de alta performance".

O encontro do jazz com o choro por seu diretor, Sérgio Cabral

 
É possível que Louis Armstrong já estivesse bem informado sobre o Brasil quando aqui esteve, já que, segundo seu biógrafo James Lincoln Collier, somente décadas depois da sua adolescência, aprendeu o significado da palavra brazilian, do título de uma canção que cantava desde menino nas ruas de Nova Orleans, My brazilian beauty.

O que desconhecia, sem dúvida, chegando ao Brasil, era que, havia muitos anos, alguns jornalistas e historiadores juravam que ele e Pixinguinha se conheceram em Paris, em 1922, quando o nosso Pixinga lá esteve durante oito meses à frente do conjunto Os Batutas. Não houve o encontro por um motivo fundamental: Armstrong somente foi a Paris em 1934.

Mas é fácil entender tanta vontade de aproximar os dois ícones da música das Américas. Além de certa semelhança física, ambos são da mesma geração. Pixinguinha nasceu em 1897 e Armstrong, em 1900, mas é possível que ele tenha até nascido no mesmo ano de Pixinguinha, pois seus biógrafos são unânimes na afirmação de que inventou a data de nascimento para não ser convocado para lutar na Primeira Guerra Mundial. Naquela época, tanto no Brasil quanto anos Estados Unidos, os dados da certidão de idade poderiam ser inventados. O próprio Pixinguinha pensava que nascera em 1898 e chegou a receber uma grande homenagem do governo carioca no Theatro Municipal pelos seus 70 anos. Mas já tinha 71, como descobriu Jacob do Bandolim ao pesquisar na igreja em que fora batizado.

A mais importante aproximação dos dois, porém, não é a idade, mas a genialidade de ambos como músicos. Armstrong é o pai do trompete no jazz e, em consequência, um dos pais da própria música americana. Não era compositor, mas suas interpretações são tão marcantes que deixou marcas indeléveis nas músicas que tocou. A imagem criada por James Collier, para deixar bem claro o papel dele na música dos Estados Unidos, é o de uma montanha: “Uma montanha no caminho: você pode contorná-la ou escalá-la, mas não pode evitá-la.” Pixinguinha, compositor, arranjador, flautista e saxofonista, é um dos pais da música instrumental brasileira e, em consequência, um dos pais da nossa música. Aliás, continua valendo a frase do historiador Ari Vasconcelos: “Se você tem 15 volumes para falar de toda a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido. Escreva rápido: Pixinguinha.”

Eles se encontraram, de fato, no dia 27 de novembro de 1957, no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, por iniciativa do presidente Juscelino Kubitschek, que convidou vários representantes da música brasileira para almoçarem com Louis Armstrong, na época, apresentando-se no Brasil. Aquele foi o primeiro encontro. O segundo é este que promovemos com a participação de alguns dos melhores músicos do Brasil e dos Estados Unidos.

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