Com oito anos de bem-sucedida carreira no teatro, texto ganha versão literária.
“Parem de falar mal da rotina” é o novo livro da escritora e atriz Elisa Lucinda, lançado pelo selo Lua de Papel. Nesta estreia na editora, com seu primeiro livro de prosa, segundo ela, um desafio, Elisa adaptou a peça que esteve em cartaz desde 2002 e levou ao teatro mais de um milhão de espectadores.
Definido pela própria autora como “um trem que não para desde que partiu”, o livro “Parem de falar mal da rotina” é, sobretudo, a celebração do cotidiano e a valorização das coisas simples da vida. A viagem teve início com o convite do diretor teatral Amir Haddad para que Elisa Lucinda encenasse uma peça no horário alternativo do teatro que comandava então. Os 14 espectadores daquela longínqua primeira sessão multiplicaram-se exponencialmente, de modo que a peça tem hoje fã-clube e até mesmo comunidades em redes sociais – um sinal de popularidade incomum para um espetáculo teatral. Tornou-se habitual encontrar em todas as apresentações pessoas que voltavam várias vezes, ora com familiares, amigos, namorados ou mesmo sozinhos.
“O que chamamos de rotina que também atende pelo nome vida, todo dia nos ensina com sua incessante mutação”. A partir dessa premissa, Elisa Lucinda compartilha com os leitores suas impressões sobre os aspectos extraordinários do cotidiano, a intensidade das emoções e mesmo simples percepções do que nos circundam e preenchem nosso dia a dia. Para a autora, a realidade assemelha-se à ficção com muito mais frequência que supomos. Tudo depende das lentes que utilizamos para enxergar e avaliar esta apresentação da qual participamos desde o nascimento, com suspenses, reviravoltas, grandes atuações, fiascos vergonhosos, personagens inesquecíveis, figurantes dispensáveis.
Elisa define o argumento do livro como “uma reflexão em voz alta sobre algumas cenas do espetáculo de existir”. Reforçando essas semelhanças, a autora escolheu títulos de cinema, TV, teatro e literatura para nomear capítulos e cenas do livro. Assim, acompanhamos um drama com final feliz em “Dormindo com o inimigo”; em “Faça a coisa certa”, racismo e relações raciais entram na pauta; e “Assim caminha a humanidade” trata de amor e felicidade. Analogias divertidas e apropriadas que adornam um texto composto com bem calculadas doses de prosa e poesia.
A proposta de Elisa desmoraliza muitos pré-conceitos, a partir de histórias do cotidiano e convida os leitores a revisitarem suas próprias histórias, tomando de volta o comando da sua própria felicidade.
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