quinta-feira, 24 de março de 2011

‘R & J DE SHAKESPEARE - JUVENTUDE INTERROMPIDA’ REESTREIA NO TEATRO MUNICIPAL CARLOS GOMES DIA 18 DE MARÇO


Dirigidos por João Fonseca (vencedor do Shell por ‘Maria do Caritó’), quatro atores encenam a clássica história de Romeu e Julieta

Talvez a história de amor mais conhecida de todos os tempos, ‘Romeu e Julieta’ perdura há quatro séculos como inesgotável objeto de fascínio, estudo e admiração. Em meio a uma infinidade de teses, montagens, filmes e adaptações do original de Shakespeare (1564-1616), a ousadia de um espetáculo chamou a atenção no disputado circuito londrino e também no Off-Broadway. Ao reencenar o clássico através de quatro alunos de um colégio interno na Inglaterra, o autor Joe Calarco fez de ‘Shakespeare’s R & J’ (no original) o grande destaque teatral de 1997, quando arrebatou a crítica e ganhou os mais importantes prêmios locais. Sucesso de público e crítica, ‘R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida’ - a versão brasileira do texto – fará uma terceira temporada, a partir de 18 de março, no Teatro Municipal Carlos Gomes. Dirigidos por João Fonseca, João Gabriel Vasconcellos, Felipe Lima, Pablo Sanábio e Rodrigo Pandolfo formam o quarteto que se reveza entre todos os personagens da tragédia.

O ponto de partida é inusitado: em uma escola católica extremamente conservadora, quatro estudantes exploram ‘Romeu e Julieta’ como uma fuga da repressão em que vivem, e através disso exploram suas próprias sexualidades. Eles começam a ler – e depois a ‘viver’ propriamente – todos os diálogos e emoções do clássico. Sem trocas de roupas ou de cenário, a tragédia se desenrola basicamente através das atuações e do jogo cênico proposto por Calarco, com a ‘peça dentro da peça’.

‘Sempre quis fazer Shakespeare de uma maneira simples, mais essencial, de forma a valorizar ainda mais o que é dito’, explica João Fonseca, que encerra a sua ‘trilogia de tragédias’ com a montagem. ‘R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida’ é a terceira parte de um projeto que inclui ‘Édipo Unplugged’ (2004) e ‘A Falecida’ (2008). Os três espetáculos são marcados pelo despojamento na releitura de uma tragédia, no caso uma tragédia grega, uma tragédia carioca e uma de Shakespeare, feitas apenas com pouquíssimos elementos cênicos, como cadeiras, um quadro-negro e giz.

O diretor vai ainda prestar homenagem a conhecidas versões da história original. Algumas cenas serão pontuadas com músicas e outras menções a ‘West Side Story’, aos filmes de Franco Zeffirelli e de Baz Luhrmann e à incensada montagem do Grupo Galpão e do diretor Antunes Filho.

Geraldinho Carneiro assina a versão brasileira do texto, composto em sua essência pelos versos originais de Shakespeare. O poeta tem no currículo elogiadas traduções de ‘A Tempestade’, ‘As You Like It’, ‘Antonio e Cleópatra’ e uma série de sonetos shakespearianos, que receberam, inclusive, o aval de Millôr Fernandes, decano da tradução brasileira. ‘É um privilégio ter um poeta como o Geraldinho no projeto. Ele está muito integrado, vem nos acompanhando, já foi aos ensaios, é uma honra’, conta João.

R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida’ é a terceira incursão do diretor pelo bardo inglês. Em 2000, ele montou com sua companhia, Os Fodidos Privilegiados, duas peças do autor até então inéditas por aqui: ‘Tímon de Atenas’ e ‘Troilo e Créssida’, em sua primeira direção sem a parceria com Antonio Abujamra, fundador do grupo. Foi mais ou menos nesta época em que ele tomou conhecimento do texto de Joe Calarco, assunto que retomou em uma conversa recente com Pablo Sanábio. Ao lado de Felipe Lima, Pablo – que, além dos trabalhos como ator, tem larga experiência no campo de produção – adquiriu os direitos do texto e vem há dois anos batalhando pelo patrocínio.

Logo em seguida, Rodrigo Pandolfo se juntou à dupla no projeto. Apontado como uma das mais principais revelações do teatro carioca recente, Pandolfo já acumula duas indicações ao Prêmio Shell de Teatro na categoria ator, pelos espetáculos ‘Cine-Teatro Limite’ e ‘O Despertar da Primavera’. Este último rendeu ainda o troféu de Melhor Ator Coadjuvante da Associação de Produtores Teatrais do Rio de Janeiro (APTR). Para completar o elenco, o grupo convidou João Gabriel Vasconcellos, que estreou no teatro com ‘Formas Breves’, de Bia Lessa, logo após protagonizar o polêmico longa ‘Do Começo ao Fim’, de Aluizio Abranches.

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