Lançamento de “Quando Amanhece na Sicília... A luta das mulheres e da sociedade civil contra a Máfia siciliana”, da jornalista Lúcia Helena Issa.
“Quando Amanhece na Sicília... A luta das mulheres e da sociedade civil contra a Máfia siciliana”, primeiro livro escrito por uma jornalista brasileira, conta como as mulheres sicilianas foram determinantes no enfraquecimento da máfia no país
Lúcia Helena Issa, jornalista investigativa que morou durante seis anos na Itália, fez uma verdadeira imersão na região da Sicília, cidade ao sul do país. Seu objetivo: dar voz às histórias das mulheres sicilianas (juízas, mães, professoras, jornalistas) que foram fundamentais no enfraquecimento do estado paralelo, existente desde a primeira metade do século XIX, através da onipresença da Cosa Nostra, a máfia siciliana.
O resultado desse aprofundamento no tema poderá ser conferido em “Quando Amanhece na Sicília... A luta das mulheres e da sociedade civil contra a Máfia siciliana”, primeiro livro-reportagem sobre a Sicília escrito por uma jornalista brasileira.
Publicado pela editora carioca Multifoco, o livro terá lançamento nacional no dia 21 de novembro de 2011, das 19h às 21h30 na Livraria Cultura Pompeia, no Shopping Bourbon, em São Paulo, além do Rio de Janeiro e Bahia.
A obra traz entrevistas com autoridades, especialistas, ativistas, cidadãos comuns, juízas, e histórias envolventes relatando a transformação da Sicília, o confisco dos bens de mafiosos que permaneceram foragidos durante décadas e a transformação dessas apreensões em escolas, parques e projetos para a comunidade onde atuavam. O livro tem entrevistas feitas em Roma, com historiadores, sobre a ligação de alguns membros do Vaticano com a Cosa Nostra.
Do início do trabalho de investigação até a conclusão do livro foram seis anos morando na Itália, mais de 90 entrevistas com sicilianos (as) e um ano de trabalho no Brasil, na lapidação do livro. A autora participou de vários atos civis contra a máfia e conversou na Sicília com mulheres como Felicia Impastato, mãe do jornalista Guiseppe Impastato, assassinado pela Máfia, com ativistas como Letizia Battaglia e com outras ainda, que denunciaram os próprios maridos mafiosos à justiça, revelando informações da organização à polícia, e recebendo uma nova identidade através de programas de proteção à testemunha. Condição valiosa, já que os tentáculos da Cosa Nostra são infindáveis e surgem de onde menos se espera.
“Quando Amanhece na Sicília...” certamente é um dos relatos mais contundentes e emocionantes a respeito de uma facção criminosa detentora de conexões nacionais e internacionais, inclusive brasileiras. “Reportagem das boas, com um toque de literatura e um olhar brasileiro para a Itália, Quando amanhece na Sicília... é um trabalho de puro jornalismo investigativo e ao mesmo tempo uma narrativa testemunhal, uma grande contribuição para o entendimento do poder do crime organizado na Itália e no próprio Brasil (...) um recorte temporal fantástico, escrito por quem testemunhou in loco os fatos que narra (...)”, declarou Joaquim Maria Botelho, Presidente da União Brasileira de Escritores.
“O objetivo maior desse trabalho investigativo é revelar como a Sicília tem conseguido sair do ciclo de violência, terror e impunidade que a caracterizou por tanto tempo... E mostrar para os brasileiros também que a sociedade civil e as mulheres sicilianas - juízas, mães, professoras, jornalistas - foram e estão sendo parte fundamental dessa transformação social na Sicília...", revela a jornalista Lucia Helena Issa.
Trecho do livro - “Quando Amanhece na Sicília... A luta das mulheres e da sociedade civil contra a Máfia siciliana”
“Uma vez aceito na organização, o novo uomo d’onore passa por um ritual que permanece imutável há quase dois séculos. Um dos membros da Cosa Nostra pede que ele escolha um santo de sua devoção. A imagem sagrada, em forma de “santinho”, é quase sempre a da Madonna dell’Annunziata, Nossa Senhora da Anunciação, “padroeira” dos mafiosos. Escolhida a imagem, o padrinho lembra que ainda é tempo de desistir, pois o afilhado está prestes a tomar um caminho sem volta, simbolizado por um juramento perene.
Nesse momento, diante dos outros homens, o padrinho faz um pequeno corte no dedo indicador do afilhado e deixa que o sangue seja derramado sobre a imagem sagrada. O santinho é então queimado diante de todos, enquanto o iniciado repete solenemente: “Que minha carne sangre e queime como esta imagem sagrada se eu não for fiel até a morte à Cosa Nostra”. Renascimento. Batismo. Sacralidade. Tudo isso está simbolizado naquele momento. Um ritual já repetido milhares de vezes na Sicília. Nos Estados Unidos. E no Brasil”.
Breve resumo biográfico da autora
Lucia Helena Issa é jornalista por formação, com graduação em Comunicação Social e especialização em Linguagem e Semiótica pela Universidade Livre de Roma. Morou durante seis anos na Itália, de onde colaborou com alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, tais como Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e revista Istoé. Já esteve em mais de 40 países do mundo, alguns deles palcos de conflitos reportados por ela in loco (focando na situação das mulheres refugiadas, no imediato pós-guerra), como Líbano, Sérvia e Bósnia. Atualmente vive entre o Brasil e a Itália, onde cursa o mestrado em Políticas e Culturas Euro-Mediterrâneas, com foco em Mediação de Conflitos; é membro da organização internacional Reporters san Frontieres (Repórteres Sem Fronteiras), correspondente para o Brasil da organização Peace Reporter (Repórter pela Paz).
... è un piacere vedere pubblicato un libro come questo ...
ResponderEliminarGiuliano Carnieri