A primeira e bem-sucedida incursão do diretor teatral Felipe Hirsch no universo lírico, O Castelo do Barba-Azul, única ópera do compositor húngaro Béla Bartók, chega ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
A primeira e bem-sucedida incursão do diretor teatral Felipe Hirsch no universo lírico, O Castelo do Barba-Azul, única ópera do compositor húngaro Béla Bartók, chega ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro – vinculado à Secretaria de Estado de Cultura – para quatro apresentações a partir de 4 de dezembro. Exibida originalmente em Belo Horizonte (2006), a montagem foi duplamente premiada no XII Prêmio Carlos Gomes como a melhor ópera de 2008 – ano em que foi apresentada em São Paulo – e melhor cenário, criado por Daniela Thomas, que assina também os figurinos. A iluminação de Beto Bruel e a direção de Hirsch também receberam indicações. Com prólogo declamado pelo ator Guilherme Weber, a ópera reúne o baixo Luiz Molz (Conde Barba-Azul) e a soprano Céline Imbert (Judit), como solistas convidados, e ainda o maestro Aylton Escobar, que estará à frente da Orquestra Sinfônica do TMRJ. “Encerramos a temporada lírica de 2011 com esta bela montagem da única ópera de Bartók, que já estava em nossos planos desde o ano passado”, explica Carla Camurati, presidente da Fundação Theatro Municipal.
Com apenas dois cantores em cena, O Castelo do Barba-Azul, que estreou em 1911 com libreto do poeta Béla Balázs ganhou nesta montagem um cenário atemporal que reforça o simbolismo presente na história. Sete alçapões espelhados sobre um plano inclinado representam as sete portas do castelo do Conde Barba-Azul, cada qual ocultando um mistério de sua alma. À medida que são abertos por sua quarta esposa, Judit, recebem projeções que criam figuras espectrais, deformadas pelos espelhos, ilustrando cada uma das facetas sombrias da vida do conde. Os figurinos, por sua vez, reiteram o caráter fantástico da ópera húngara, que nesta montagem ganha versão em alemão. “É uma obra sobre reflexos. Assim é também a montagem. Nada é o que parece ser. É sobre o amor também, sobre a fragilidade de homens e mulheres”, define Hirsch.
Baseada no conto francês Barba-Azul, de Charles Perrault, a ópera começa com a chegada do Conde Barba-Azul e sua quarta esposa, Judit, ao castelo do nobre, sobre o qual pesam suspeitas a respeito do verdadeiro destino de suas três primeiras esposas. Indagada pelo Conde se deseja ficar, Judit decide que sim mas, diante da escuridão do ambiente, lhe pede para abrir as portas que estão trancadas. Barba-Azul nega mas, diante da insistência da esposa, acaba cedendo e, uma a uma, as sete portas são abertas. Uma câmara de tortura manchada de sangue, tesouros, um jardim secreto e um lago de lágrimas são algumas das surpresas e segredos descobertos por Judit na alegórica jornada de autoconhecimento empreendida pelo casal.
Sem comentários:
Enviar um comentário