quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Iphan premia projeto que ajuda a recontar a história do Brasil


A antiga cidade de São João Marcos, no Rio de Janeiro, é hoje espaço para estudo arqueológico, ambiental e cultural, que resgata e protege o patrimônio brasileiro.

Uma cidade foi destruída porque daria lugar a um grande lago, formado para abastecer uma usina hidrelétrica. Todos os habitantes tiveram que deixar suas casas, suas histórias e suas memórias e recomeçar a vida em outro lugar. Embora pareça o enredo de um filme de ficção, foi exatamente isso que aconteceu com a cidade de São João Marcos, no Vale do Paraíba, estado do Rio de Janeiro, em 1940. No entanto, apesar de aparentemente desolador, o cenário das ruínas é hoje, mais de 70 anos depois, o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, uma ação de preservação e valorização do patrimônio cultural brasileiro, o vencedor nacional na categoria Proteção do Patrimônio Cultural, da 24ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, instituído pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

Os representantes do Parque estarão em Brasília, no próximo dia 19 de outubro, para receber o prêmio. São R$ 20 mil, um troféu e um certificado, que serão entregues em grande festa na Sala Villa Lobos, do Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília, a partir das 18h30, com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e do presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida. Vencedores e público serão brindados com shows da cantora Renata Jambeiro e do sambista carioca Diogo Nogueira, com a turnê Sou Eu.

O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos nasceu da revitalização da área de São João Marcos, uma das primeiras cidades tombadas do Brasil pelo Sphan (atual Iphan), em 1939, e destombada e demolida em 1940, para a construção da Usina das Lages. Mas a cidade não foi inundada. Suas ruínas estão hoje na região que pertence ao município de Rio Claro e abriga elementos que ajudam a recontar a história do país. O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos possui 903 mil metros quadrados tratados do ponto de vista arqueológico e museológico. São três quilômetros de trilha sinalizada onde os visitantes são informados sobre o local onde estão e o que havia ali antes da destruição.

Inaugurado em agosto de 2010, o Parque oferece um programa educativo que já atendeu mais de dois mil estudantes. Professores e alunos das escolas participantes são orientados e estimulados a expressar, através de desenhos e redações, suas impressões sobre a experiência vivida durante a visitação, possibilitando uma reflexão sobre questões relacionadas ao meio ambiente, ao patrimônio e à própria história destas comunidades. Outro segmento de atividades do parque são as visitas guiadas com vistas ao turismo ambiental, ecológico e cultural, contribuindo com as ações já existentes de revitalização do Vale do Paraíba, em uma região que já possui no turismo uma vocação inegável e consequente fonte de geração de recursos.

O ponto focal do primeiro sítio arqueológico urbano do Brasil é tornar o Parque um núcleo de estudos arqueológicos, ambientais e culturais, a partir da pesquisa e discussão em fóruns e seminários de temas relevantes à região. O Parque possui o Centro de Visitação, um Memorial de estudos e reflexão histórica, um anfiteatro para 150 pessoas e uma exposição histórica contando com a maquete da cidade no ano da destruição. O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, coordenado pela Light, concessionária de energia do Rio, e com apoio da Secretaria Estadual de Cultura, funciona de quarta-feira a domingo, das 10h às 16h. A entrada é gratuita. Outras informações podem ser obtidas no site www.saojoaomarcos.com.br.

Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, criado em 1987 e realizado a cada ano pelo Iphan, tem por objetivo a valorização do patrimônio histórico e cultural do Brasil. Este ano, o prêmio está inserido nas comemorações do Ano Internacional dos Afrodescendentes e homenageia os 100 anos de nascimento do artista plástico Carybé.

A premiação de abrangência nacional promove o reconhecimento de ações de preservação e educação patrimonial que, em razão da sua originalidade, vulto ou caráter exemplar, são registradas e divulgadas para toda a sociedade. A edição deste ano recebeu 230 inscritos. Os sete vencedores passaram pela avaliação estadual, nas superintendências do Iphan, sendo selecionados entre os 81 projetos finalistas que foram avaliados pela Comissão Nacional de Avaliação, que no último dia 15 de setembro, indicou os premiados de cada uma das categorias.

Na cerimônia do dia 19, o Iphan também fará a entrega do Prêmio Viva Meu Mestre, uma iniciativa de estímulo e fortalecimento da tradição cultural da Capoeira, valorizando os mestres da tradição e reconhecendo sua contribuição para a cultura nacional.

Premiados da 24ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

Categoria Promoção e Comunicação
Ação: Projeto Turista Aprendiz
Proponente: Maracá Produções Artísticas e Culturais – São Paulo/SP

Categoria Educação Patrimonial
Ação: “OjóOdê” e “Afoxé AyóDelê”- Vivências Afrobrasileiras
Proponente: Espaço Cultural Vila Esperança – Goiás/GO

Categoria Pesquisa e Inventário de Acervos
Ação: Inventário da Arquitetura Residencial em Madeira
Proponente: Fábio Domingos Batista – Curitiba-PR

Categoria Preservação de Bens Móveis
Ação: Projeto Luzitânia
Proponente: Sociedade Canoa de Tolda – Sociedade Socioambiental do Bairro São
Francisco – Brejo Grande/SE

Categoria Preservação de Bens Imóveis
Ação: Ouro Preto - Um Novo Modelo de Gestão de Cidades Históricas
Proponente: Prefeitura Municipal de Ouro Preto – Ouro Preto/MG

Categoria Proteção do Patrimônio Natural e Arqueológico
Ação: Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos
Proponente: Instituto Cultural Cidade Viva – Rio de Janeiro/RJ

Categoria Salvaguarda de Bens de Natureza Imaterial
Ação: Mapeamento Social das Benzedeiras dos Municípios de São João do Triunfo e
Rebouças do Estado do Paraná
Proponente: Movimento dos Aprendizes da Sabedoria – MASA – Irati/PR

Rodrigo Melo Franco de Andrade
O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898, em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil. Na política, foi chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. O grupo era formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922.

Rodrigo Melo Franco de Andrade comandou o Iphan desde sua fundação em 1937, até 1968. O prêmio foi criado em 1987 em reconhecimento às ações de proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro. Seu nome é uma homenagem ao primeiro dirigente da instituição.


Serviço: Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

Data: 19 de outubro de 2011
Horário: 18h30
Local: Sala Villa Lobos – Teatro Nacional de Brasília
Setor Cultural Norte – s/nº
Brasília – DF

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