quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Livro pioneiro sobre a moda feita no Brasil terá noite de autógrafos no Rio de Janeiro


O Instituto Zuzu Angel, o Shopping Leblon e a Pyxis Editorial promoverão no próximo dia 15 de agosto, no espaço da Livraria Travessa, uma noite de autógrafos do livro História da Moda no Brasil, das influências às autorreferências, trabalho de pesquisa inédito que recompôs a história da moda em nosso pai. Na mesma ocasião será projetado o documentário homônimo, que debate a identidade da moda brasileira. 

Os dois produtos – livro e documentário “História da Moda no Brasil: das influências às autorreferências” – resultaram da mais abrangente pesquisa sobre a história da moda já feita no Brasil. Ambos são produtos finais de um projeto coordenado pelo jornalista e escritor Luís André do Prado e pelo professor de moda e escritor João Braga, viabilizado por meio da Lei Rouanet com patrocínio da Pernambucanas e apoios da TV Cultura e da revista Elle Brasil – da editora Abril. O livro investiga o desenvolvimento da criação de moda em nosso país a partir do período de implantação da moda industrial, em sete capítulos, subdividido de acordo com as tendências estéticas e comportamentais predominantes em cada época: Belle Époque (1889-1918), Anos Loucos (1919-1930), Era do Rádio (1931-1945), Anos Dourados (1946-1960), Tropicália & Glamour (1961-1975), Anos Azuis (1976-1990) e Supermercado de Estilos (1991-2010).

O trabalho envolveu consultas a fontes bibliográficas, iconográficas (fontes secundárias) e a depoimentos, coletados com base nos princípios da história oral (fontes primárias), envolvendo relatos de pessoas que atuaram diretamente na construção da moda brasileira. Num país de origem colonial, a moda que se usava aqui, até 1808, imitava às da corte portuguesa, que por sua seguia as vogas parisienses, como toda a Europa. Os relatos, contudo, vão aos detalhes de como era feita essa moda, que publicações a divulgavam no Brasil, que casas de moda e alfaiatarias estavam aqui instaladas, quais foram nossos primeiros magazines importadores de moda sofisticada.

Entre esses magazines pioneiros, tivemos, por exemplo, a Notre Dame de Paris, A Brazileira, O Barateiro, Casa Colombo, Casa Raunier, Parc Royal, no Rio de Janeiro; Casa Allemã, Mappin Stores, em São Paulo – entre inúmeras filiais e casas similares espalhadas pelo resto do país. Os primeiros desfiles de moda feitos no Brasil foram realizados pelo Mappin Stores, de São Paulo, ainda em 1926 – com moda importada. Na década de 1950, começaram a surgir no país os costureiros de luxo, por meio de eventos como o Miss Elegante Bangu, patrocinado no Rio de Janeiro pela Bangu Têxtil, que projetou o pioneiro José Ronaldo, ou ainda o Festival da Moda Brasileira, da Matarazzo-Bussac, em São Paulo, que lançou Dener Pamplona e Clodovil Hernandes. No Rio de Janeiro, a mineira Zuzu Angel assumiu a atitude corajosa de produzir moda com uma forte identidade nacional.

Nossas primeiras confecções – que haviam permanecido em suas primeiras décadas com uma produção utilitária e monótona – começam na década de 1960 a entender a importância de agregar moda a seus produtos. Naquele mesmo período, a Fenit, em SP, e o September Fashion Show, no Rio, tendo com suporte a Rhodia – que lançava no Brasil os fios sintéticos – assumiram a frente dos lançamentos da moda nacional. No mesmo período, surgiram os costureiros de luxo no país. Com a moda jovem descolada, o prêt-à-porter se consolidou na década de 1970, abrindo espaço para o surgimento de marcas fortes baseadas no jeans e da moda praia. Seguiu-se o boom das butiques e, na década de 1980, os grupos de moda tomaram a frente das passarelas – a começar pelo Grupo Moda-Rio, passando pelo Grupo Mineiro de Moda e pela Cooperativa Paulista de Moda –, início de um movimento de valorização da moda criada no Brasil. Simultaneamente, apareceram os primeiros cursos locais para formação de criadores de moda, culminando com o surgimento das semanas de moda, como Semana Leslie de Moda e Fashion Rio, no Rio de Janeiro, ou Phytoervas Fashion e São Paulo Fashion Week, em São Paulo – multiplicadas em diversos eventos similares pelo resto do país.

Para dar conta de toda essa trajetória, foi levantado um extenso material iconográfico que ilustra a edição – criando um painel visual evolutivo dos movimentos da moda brasileira. O resultado são 642 páginas (incluindo, na primeira edição, um encarte do patrocinador, a Pernambucanas, que tem mais de cem anos de relação com a moda) fartamente ilustradas com mais de 400 imagens, entre fotografias, ilustrações, croquis, reproduções, de diversas épocas, cedidas ou adquiridas por fontes diversas, muitas inéditas.

Documentário debate identidade da moda brasileira

O documentário que integra o projeto História da Moda no Brasil, das influências às autoreferências, com direção de João Braga, Luís André do Prado e Tatiana Lohmann, teve seu roteiro estruturado a partir dos depoimentos coletados de profissionais e estudiosos do setor, resultando num trabalho instigante que explora o confronto e a identidade entre os relatos coletados, compondo um rico mosaico histórico. Seu eixo central é o debate sobre a identidade da moda feita no Brasil, fundamentado em nossas difusas raízes históricas de país colonial, marcado por múltiplas influências.

Uma pesquisa inédita em sua abrangência

O projeto História da Moda no Brasil (inscrito no MinC sob o Pronac 04-4894) foi realizado durante quatro anos e meio, realizando uma vasta pesquisa bibliográfica, iconográfica e de campo, compilando depoimentos que conferem a seus produtos a intensidade da histórias vividas. Ao todo, foram gravados 127 depoimentos, em vídeo e em áudio, relatos na primeira pessoa de pessoas que vivenciaram as diversas fases evolutivas da moda no Brasil.. Foram ainda pesquisados 223 livros e teses, 220 publicações periódicas (revistas, jornais e almanaques relacionados à moda, muitos do início do século passado). Foram ainda consultados cerca de 60 sites, além de digitalizadas e tratadas mais de 700 imagens, entre fotos e ilustrações de moda. A Pyxis Editorial e Comunicação, responsável pela execução do projeto História da Moda no Brasil (HMB) está também lançado sua continuidade, o HMB Fase 2 - Museu Virtual da Moda Brasileira (Pronac 10-2006), que permitirá a criação de um grande acervo virtual (em vídeo, áudio, imagem e texto), de consulta livre pela internet, projeto já aprovado pela Lei Rouanet em fase de captação de patrocínio.

Entre os entrevistados que contribuíram com depoimentos para a pesquisa tivemos, entre outros: Alexandre Herchcovitch, Amir Slama, Carlos Mauro Fonseca Rosas, Carlos Tufvesson, Celina de Farias, Clô Orozco, Clodovil Hernandes, Costanza Pascolato, Cyro del Nero, Danuza Leão, Eliana Tranchesi, Elke Maravilha, Glória Coelho, Glória Kalil, Guilherme Guimarães, Iêsa Rodrigues, Isabela Capeto, Jair Mercancini, José Augusto Bicalho, José Gayegos, Jum Nakao, Laïs Pearson, Lilian Pacce, Lino Vilaventura, Luíza Brunet, Maria Stela Splendore, Marília Valls, Mary Del Priori, Nelson Alvarenga, Paulo Borges, Regina Guerreiro, Renato Loureiro, Ricardo Almeida, Ronaldo Fraga, Tufi Duek, Ugo Castellana, Walter Rodrigues.

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